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Fri, 21 May 2010 13:48:55 +0200
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Portugues (http://es.rsf.org/guinea-bissau-o-nosso-pais-deve-ser-mais- 
firme-21-05-2010,37537.html)
Français (http://fr.rsf.org/guinee-bissau-notre-pays-doit-etre-plus- 
ferme-21-05-2010,37535.html)
English (http://en.rsf.org/guinea-bissau-our-country-needs-to-be- 
firmer-21-05-2010,37536.html)

Repórteres sem Fronteiras (http://www.rsf.org)
Comunicado de imprensa

21 de Maio de 2010

GUINÉ-BISSAU

“O nosso país deve ser mais firme com os mafiosos que intimidam os  
jornalistas”: testemunho de um jornalista agredido devido a artigos  
sobre o narcotráfico

No dia 15 de Maio de 2010, o director e proprietário do semanário  
Diário de Bissau, João de Barros, foi agredido nas instalações do seu  
jornal por um empresário próximo dos narcotraficantes. Antes de  
abandonar o local, o agressor, acompanhado pelo seu motorista,  
danificou o conjunto do material informático da sala de redacção da  
publicação.
Dias depois do incidente, Repórteres sem Fronteiras publica o  
testemunho deste pioneiro da imprensa independente em Bissau, no qual  
descreve o desenrolar dos acontecimentos.

“A agressão de que foi vítima João de Barros não é um acto isolado e  
insignificante. É a mais recente manifestação dos tabus que afectam a  
imprensa local e do clima asfixiante em que os jornalistas desta  
antiga colónia portuguesa exercem a sua profissão. Os poucos  
jornalistas que violam a lei do silêncio e se atrevem a denunciar os  
narcotraficantes e os seus cúmplices, sejam eles civis ou militares,  
expõem-se a sérias represálias, ainda para mais num ambiente de total  
impunidade. Pedimos às autoridades guineenses que persigam os autores  
deste acto de violência”, declarou Repórteres sem Fronteiras,  
recordando que pelo menos dois jornalistas foram obrigados a sair do  
país em 2009, aos quais se juntou outro já em 2010.

Em Novembro de 2007, num relatório de missão intitulado “Cocaína e  
golpe de Estado: fantasmas de uma nação amordaçada”, que analisava as  
ameaças permanentes infligidas aos jornalistas da Guiné-Bissau pelos  
narcotraficantes e os seus cúmplices, Repórteres sem Fronteiras  
solicitara às forças armadas guineenses a máxima vigilância para que  
os autores de ameaças e de actos de intimidação fossem identificados  
e punidos. Este pedido não foi acompanhado por medidas eficazes.

A agressão e destruição das instalações

A 15 de Maio, recebi um telefonema do empresário Armando Dias Gomes,  
informando-me de que estava à minha espera nas instalações do meu  
jornal.

Não contava passar pelo escritório nesse dia, mas acabei por decidir  
lá ir. Quando abri a porta, vi o empresário acompanhado pelo seu  
motorista. Começou de imediato a insultar-me e a dirigir-me ameaças  
de morte. Dois dos jornalistas com os quais trabalho diariamente, que  
também estavam presentes, foram igualmente insultados e ameaçados.

Sei que a agressão se deve à publicação no meu jornal de uma série de  
artigos sobre o narcotráfico na Guiné-Bissau. O último, da autoria do  
jornalista Adulai Indjai, parece ter provocado a ira do empresário.  
Intitulado “Guiné-Bissau, o suposto Narco-Estado”, este trabalho de  
investigação debruçava-se sobre as vítimas directas dos  
narcotraficantes no nosso país, embora sem citar nomes.

Armando Dias Gomes, que é um amigo chegado dos narcotraficantes,  
explicou-me que se sentia visado pelo artigo e que não queria voltar  
a ler no meu jornal informações sobre os narcotraficantes e as  
actividades a que estes se dedicam.

Foi então que nos envolvemos fisicamente. Não fiquei ferido, mas  
tenho uma marca no pescoço porque os agressores tentaram estrangular- 
me. Também atacaram violentamente o material da redacção. Deitaram ao  
chão uma dezena de computadores, os discos duros e a impressora que  
utilizo para o funcionamento do jornal. A minha empresa está  
paralisada e não podemos trabalhar.

O futuro do jornal

Prefiro fazer de conta que não aconteceu nada. Não vou fazer caso  
desta agressão. Há vinte anos que sofro ameaças por parte dos  
políticos deste país. Dois dos meus jornais, O Expresso Bissau e O  
Correio da Guiné-Bissau, foram encerrados nos anos 90 por razões  
políticas. Já apresentei queixa contra o empresário e estou à espera  
do julgamento. Os meus dois agressores foram detidos durante nove  
horas pela Polícia Judiciária de Bissau, mas depois infelizmente  
foram soltos, suponho que devido à pressão dos narcotraficantes.

Agora o que mais desejo é substituir o mais depressa possível o  
equipamento informático para poder retomar a impressão e a publicação  
do meu jornal.

Aproveito esta entrevista para lembrar que o nosso país deve ser mais  
firme com os grupos de mafiosos que tentam intimidar os jornalistas.  
A justiça e o poder político têm que ser mais severos a fim de  
colocar um ponto final à impunidade de que gozam os cúmplices dos  
narcotraficantes na Guiné-Bissau.

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GUINÉE-BISSAU

"Notre pays doit être plus ferme avec les mafieux qui intimident les  
journalistes" : Témoignage d'un journaliste agressé pour des articles  
sur le narcotrafic

Le 15 mai 2010, le directeur de publication et propriétaire de  
l'hebdomadaire Diário de Bissau, João de Barros, a été agressé dans  
les locaux de son journal par un entrepreneur proche de  
narcotrafiquants. Avant de quitter les lieux, l'agresseur, accompagné  
de son chauffeur, a endommagé l'ensemble du matériel informatique  
installé dans la salle de rédaction du journal.

Quelques jours après l'incident, Reporters sans frontières publie le  
témoignage de ce pionner de la presse indépendante à Bissau, qui  
revient sur le déroulement des événements.
"L'agression dont a été victime João de Barros n'est pas un acte  
isolé et insignifiant. Elle est une nouvelle manifestation des tabous  
qui frappent la presse locale et du climat suffoquant dans lequel  
exercent les journalistes de cette ancienne colonie portugaise. Les  
quelques journalistes qui brisent l'omerta et osent dénoncer les  
narcotrafiquants et leurs complices, civils et militaires, sont  
exposés à de graves représailles, d'autant plus que règne l'impunité.  
Nous demandons aux autorités bissau-guinéennes de poursuivre les  
auteurs de ces violences", a déclaré Reporters sans frontières qui  
rappelle que deux journalistes au moins ont été contraints de quitter  
le pays en 2009 et un déjà en 2010.

En novembre 2007, dans un rapport de mission intitulé "Cocaïne et  
coup d’Etat, fantômes d’une nation bâillonnée", dénonçant la menace  
permanente imposée aux journalistes de Guinée-Bissau par les  
narcotrafiquants et leurs complices, Reporters sans frontières avait  
notamment demandé aux forces armées bissau-guinéennes de veiller à ce  
que les auteurs de menaces ou d'actes d'intimidation soient  
identifiés et sanctionnés. Cette requête n'a pas été suivie par des  
mesures efficaces.

L'agression et le saccage des locaux

J'ai reçu le 15 mai dernier un coup de téléphone de l'entrepreneur  
Armando Dias Gomes, me disant qu'il m'attendait dans les locaux de  
mon journal.

Je n'étais pas censé aller au bureau ce jour-là, mais je me suis  
quand même décidé à me rendre sur place. Lorsque j'ai ouvert la  
porte, l'entrepreneur se trouvait à l'intérieur avec son chauffeur.  
Il a commencé à m'insulter et à proférer à mon encontre des menaces  
de mort. Deux des journalistes avec lesquels je travaille  
quotidiennement, qui étaient présents au moment de l'incident, ont  
également été insultés et menacés.

Je sais que l'agression est due à la parution dans mon journal de  
plusieurs articles concernant le narcotrafic en Guinée-Bissau. Le  
dernier en date, celui du journaliste Adulai Indjai, semble avoir  
provoqué les foudres de l'entrepreneur. Intitulé "Guinée-Bissau, un  
supposé narco-Etat", cet article d'investigation traitait des  
victimes directes des narcotrafiquants dans notre pays, mais ne  
citait aucun nom.

Armando Dias Gomes, qui est un ami proche de narcotrafiquants, m'a  
expliqué qu'il se sentait visé par cet article et qu'il ne voulait  
pas voir paraître dans mon journal des informations sur les  
narcotrafiquants et le commerce auquel ils se livrent.

Nous nous sommes battus. Je n'ai pas été blessé physiquement, mais je  
conserve une marque au niveau du cou car mes agresseurs ont cherché à  
m'étrangler. Ils s'en sont également pris violemment au matériel. Ils  
ont jeté par terre la dizaine d'ordinateurs, les disques durs ainsi  
que l'imprimante dont je dispose pour faire fonctionner mon journal.  
Mon entreprise est paralysée et je ne peux plus travailler.

L'avenir du journal

Aujourd'hui, je fais comme si rien ne s'était passé. Je ne m'arrête  
pas à cette agression. Vous savez, cela fait plus de vingt ans que je  
suis menacé par les politiciens de mon pays. Deux de mes journaux,  
L'Expresso Bissau et Le courrier de Guinée-Bissau, ont déjà été  
fermés dans les années 1990 pour des raisons politiques. J'ai porté  
plainte et j'attends le procès. Mes deux agresseurs ont été détenus  
pendant neuf heures dans les locaux de la police judiciaire de  
Bissau, puis ils ont malheureusement été relâchés, sous la pression  
des narcotrafiquants je suppose.

Je souhaite aujourd'hui récupérer le plus rapidement possible du  
matériel informatique me permettant d'imprimer et de publier de  
nouveau mon journal.

De plus, je profite de cette interview pour rappeler que notre pays  
doit être plus ferme avec les groupes de mafieux qui tentent  
d'intimider les journalistes. Il faut que la justice et les pouvoirs  
politiques soient plus durs afin de mettre fin à l'impunité dont  
jouissent les complices des narcotrafiquants en Guinée-Bissau.

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GUINEA BISSAU

“Our country needs to be firmer with the criminals who intimidate  
journalists” – editor who was attacked over articles about drug  
trafficking


Diário de Bissau owner and publisher João de Barros, a pioneer of  
independent journalism in Bissau, was attacked inside the newspaper’s  
premises on 15 May by a businessman he believes to be linked to drug  
traffickers. Before leaving, the businessman and his driver smashed  
all the computers in the newsroom.

Reporters Without Borders is today publishing De Barros’ account of  
this incident and the background to it.

“This attack on De Barros is not an isolated and insignificant act,”  
Reporters Without Borders said, pointing out that at least two  
journalists were forced to flee abroad last year and another one  
already this year. “This is just the latest example of the taboos  
imposed on the local press and the repressive climate in which  
journalists operate in this former Portuguese colony.”

The press freedom organisation added: “The few journalists who dare  
to defy the code of silence and denounce the drug traffickers and  
their civilian and military accomplices risk serious reprisals, all  
the more so as impunity prevails. We urge the authorities to bring  
those responsible for this violence to justice.”

In a November 2007 report entitled “Cocaine and coups haunt gagged  
nation” about the constant threat to Guinea-Bissau’s journalists from  
drug traffickers and their accomplices, Reporters Without Borders  
asked the armed forces to ensure that those responsible for these  
threats and acts of intimidation were identified and punished. No  
effective measures were taken.

Assault and ransacking of newsroom

I received a phone call on 15 May from the businessman Armando Dias  
Gomes saying he was waiting for me at my newspaper.

I was not supposed to go to the office that day but I decided I would  
go all the same. When I opened the door, I found Dias inside with his  
driver. He began to insult me and make death threats against me. Two  
of the journalists I work with every day, who happened to be there  
during the incident, were also insulted and threatened.

I know this attack was due to the fact that my newspaper had  
published several articles about drug trafficking in Guinea-Bissau.  
It was the latest, by reporter Adulai Indjai, that seems to have  
prompted Dias’ anger. Headlined “Guinea-Bissau, a supposed narco- 
state,” this investigative article focused on the direct victims of  
drug traffickers in our country but did not name any names.

Dias, who is a close friend of the drug traffickers, told me he felt  
targeted by this article and that he did not want to see any reports  
in my newspaper about drug traffickers and the business they are  
involved in.

We fought. I was not physically injured but I have a mark on my neck  
because my assailants tried to strangle me. They also attacked our  
equipment. They threw the ten or so computers, the hard disks and the  
printer to the ground. This was the equipment I used to run my  
newspaper. My business is now paralysed and I can no longer work.

The newspaper’s future

I am behaving as if nothing happened. I am not going to be stopped by  
this attack. I have been threatened by politicians in my country for  
more than 20 years. Two of my newspapers, O Expresso Bissau and O  
Correio da Guiné-Bissau, were already closed in the 1990s for  
political reasons. I have filed a complaint and I am awaiting the  
trial. My two assailants were held for nine hours at the headquarters  
of the Bissau judicial police. But then they were unfortunately  
released, under pressure from the drug traffickers, I suppose.

I would now like to recover my computer equipment as soon as possible  
so that I would be able to resume printing and publishing my newspaper.

Finally, I take advantage of this interview to point out that our  
country should be firmer with the criminal organisations that try to  
intimidate journalists. The courts and the political authorities must  
act with more determination in order to end to the impunity enjoyed  
by the accomplices of the drug traffickers in Guinea-Bissau.



---
Ambroise PIERRE
Bureau Afrique / Africa Desk
Reporters sans frontières / Reporters Without Borders
47, rue Vivienne
75002 Paris, France
Tel : (33) 1 44 83 84 76
Fax : (33) 1 45 23 11 51
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Web : www.rsf.org
Twitter : RSF_RWB









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